A saúde mental no ambiente de trabalho passou a ser uma preocupação vital, principalmente, pós-pandemia e é reconhecida como um elemento crucial para o bem-estar e o desempenho dos colaboradores. O Conselho Regional de Administração do Paraná (CRA-PR) aborda o tema em meio à relação entre o bem-estar emocional em ambientes profissionais, os avanços tecnológicos e sociais, e os constantes estímulos e demandas que podem impactar negativamente o indivíduo, levando, em última instância, a problemas de saúde mental como depressão, ansiedade e até pensamentos suicidas.
O presidente do CRA-PR, Adm. Marcello Padula, diz que “o ser humano é o principal valor econômico de uma empresa. Sem ele, não há economia. Se a qualidade de vida, incluindo a qualidade do ambiente de trabalho, for ruim. A produtividade será afetada, pois a saúde mental impacta diretamente no capital humano”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou, em 2023, que o Brasil é o país mais ansioso da base da OMS. São quase 10% da população que sofre desse transtorno mental. É necessário que as empresas tenham ações de enfrentamento de adoecimento e promoção da saúde mental.
O conselheiro e diretor de Eventos do CRA-PR, Adm. Gilmar Silva de Andrade, afirma que esse tema é de extrema relevância. “A saúde mental no trabalho não pode mais ser negligenciada. É essencial promover ambientes que apóiem o bem-estar emocional dos colaboradores”, analisa. As causas de problemas de saúde mental no ambiente de trabalho incluem estresse, liderança tóxica, pressão excessiva, sobrecarga, falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, assédio moral, discriminação, falta de apoio e recursos para lidar com questões de saúde mental, entre outros fatores.
Estratégias e suporte para a saúde mental
Para Gilmar, os empregadores estão cada vez mais conscientes da implementação de práticas que visam equilibrar a vida profissional e pessoal dos funcionários, oferecendo apoio emocional e reconhecimento pelo trabalho bem-feito. “Muitas organizações estão implementando programas específicos para promover a saúde mental no trabalho. Isso pode incluir workshops, treinamentos e serviços de aconselhamento”, explicou ao enfatizar que promover a saúde mental no trabalho não é apenas uma responsabilidade ética, mas uma iniciativa intrinsecamente ligada ao desempenho e à produtividade no ambiente profissional.
A promoção da flexibilidade no local de trabalho, como horários mais flexíveis e a oportunidade de trabalhar remotamente, também estão sendo reconhecidas como maneiras eficazes de promover a saúde mental dos funcionários, permitindo um maior equilíbrio entre suas vidas profissionais e pessoais. “O burnout, um estado de esgotamento físico e mental devido ao estresse prolongado, está sendo reconhecido como uma séria ameaça à saúde mental no trabalho. Empresas estão adotando medidas para prevenir o burnout, como gerenciamento eficiente de carga de trabalho e apoio psicológico. Além disso, o acesso a serviços de saúde mental é fundamental, com algumas empresas oferecendo benefícios como cobertura de tratamento psicológico ou programas de assistência ao empregado”, reforçou o conselheiro.
Cuidado humanizado e fim do estigma
Com uma sólida vivência como gestora de Recursos Humanos, a psicóloga Lúcia Fernandes, especialista em Saúde Mental e Bem-estar, percebeu que em algumas empresas faltava esse cuidado humanizado para com os trabalhadores. “Existia uma carência de atenção, de liderança e resolução, quando a questão era saúde mental.
Desenvolvemos o projeto de escuta ativa e rapidamente colhemos excelentes resultados. A partir deste momento, passei a incluir, em meus trabalhos, a conscientização de como podemos cuidar de nossa saúde mental”, disse a gestora. De acordo com ela, há uma crescente conscientização sobre o tema, o que tem possibilitado discussões mais abertas e apoio mútuo entre os profissionais. “Muitas empresas estão reconhecendo a importância de abordar a saúde mental no ambiente de trabalho e estão implementando programas e políticas para apoiar seus trabalhadores nesse aspecto”, abona.
Lúcia entende que o estigma em relação à saúde mental no trabalho vai diminuir à medida que as empresas promovam uma cultura de abertura e apoio. “Isso inclui a realização de palestras, rodas de diálogos e treinamentos sobre saúde mental, bem como a disponibilização de recursos e serviços de apoio, como acolhimento, escuta ativa, psicoterapia”, específica.
Os desafios impostos pela pandemia ao mundo do trabalho
A pandemia de COVID-19 trouxe uma urgência ainda maior ao tema, ressaltando a importância de promover uma cultura organizacional que valorize o bem-estar emocional dos trabalhadores. A pandemia aumentou a conscientização sobre a saúde mental no trabalho. Para Gilmar, “muitos trabalhadores enfrentaram desafios adicionais, como isolamento social, ansiedade e incertezas econômicas”.
Esse impacto significativo do período de isolamento social na saúde mental dos trabalhadores, também foi compartilhado com Lúcia. Conforme ela ressalta, “durante esse período, houve muitos desafios emocionais, como estresse, ansiedade, solidão e dificuldades em conciliar as demandas pessoais e profissionais. Isso influenciou significativamente a percepção e as práticas relacionadas à saúde mental no trabalho. Além disso, a pandemia também destacou a necessidade de promover uma cultura de compreensão e empatia no ambiente de trabalho, onde os trabalhadores se sintam com segurança psicológica, ou seja, à vontade para falar sobre suas dificuldades e buscar ajuda sem medo de estigma ou retaliação”.
Empresas precisam priorizar a saúde mental dos colaboradores
Promover a saúde mental no trabalho não é apenas uma questão ética, mas também está intrinsecamente ligada ao desempenho e à produtividade no ambiente profissional. Investir no bem-estar mental dos colaboradores não só fortalece a empresa como um todo, mas também contribui para uma sociedade mais saudável e equilibrada. É crucial que as empresas continuem priorizando a saúde mental dos colaboradores, oferecendo suporte contínuo para lidar com os desafios mentais e emocionais. Esse é o caminho a seguir, que não só beneficia os trabalhadores individualmente, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e acolhedor.