As orientações são do Dr Luiz Henrique Brand, do corpo clínico do Pilar Hospital. Acompanhamento médico e preparação estão entre as medidas para a prática com segurança
De acordo com uma plataforma de inscrição para provas de corrida de rua no Brasil, o país conta com 14 milhões de atletas na modalidade. A grande maioria dessas pessoas, no entanto, é formada por amadores, pessoas que trabalham, estudam e, no tempo livre, calçam os tênis e vão treinar. Se, por um lado, isso ajuda a sair do sedentarismo, sem preparação adequada, pode resultar em lesões.
Foi assim que a jornalista Milena Campos, de 25 anos, descobriu o amor pela corrida e, muito pouco tempo depois, que teria que parar para tratar uma lesão lombar. Hoje, seguindo recomendação médica, ela está em busca da prática de pilates para fortalecimento dos músculos da região. Antes de voltar às pistas, Milena já sabe que vai precisar buscar também a musculação.
A situação de Milena é mais comum do que se imagina. Pela facilidade em começar a correr – já que basta um tênis e a vontade, dizem os corredores -, muitos deles acabam começando sozinhos e não buscam informações sobre os cuidados, reforça o ortopedista do corpo clínico do Pilar Hospital, Dr. Luiz Renato Brand.
Antes de começar a correr
Que a corrida traz inúmeros benefícios para a saúde dos praticantes, não há dúvidas. A principal, de acordo com o especialista, é o fortalecimento do músculo cardíaco, como qualquer atividade aeróbica. Quem corre, frequentemente relata também a melhoria do humor e do sono. Por isso, é tão importante ter alguns cuidados básicos antes de começar. Assim, evitam-se os erros que podem levar à interrupção da prática.
“Em primeiro lugar, é fundamental que quem deseja começar a corrida faça uma avaliação ortopédica para estimar toda a condição de cadeia muscular e das articulações para entender se há alguma restrição”, avisa. “E, ao começar, a corrida sempre deve ser feita de maneira progressiva, nunca se deve exagerar de início”, completa.
Começar devagar é importante, em especial, para as corredoras, diz o médico. Os exageros, alerta, podem levar a fraturas por estresse, mais comuns em mulheres em função das condições hormonais. “Isso só vai ser evitado com o aumento gradativo de distâncias e velocidade e com treinos intervalados. Ou seja, se houve corrida na segunda-feira, os dois dias seguintes devem ser de outras atividades até que se volte às pistas”, exemplifica.
O especialista lembra que faz parte dessa orientação todo o preparo necessário, como um trabalho de fortalecimento muscular para proteger as articulações do impacto da corrida. E para isso, vale o pilates e a musculação, aliados a um trabalho de mobilidade como aulas de alongamento. “Durante a atividade, as cartilagens do tornozelo, joelho e quadril suportam de seis a dez vezes o peso do corpo”, explica.
Conhecer (e evitar) as principais lesões
A orientação ajuda a prevenir, mas não é garantia de que nunca haverá lesões. Por isso é importante saber reconhecer os sinais do corpo e buscar o auxílio de um ortopedista sempre que necessário. Foi o que fez a Milena, quando as suas dores lombares se intensificaram e não melhoraram com o auxílio de fortes medicamentos.
Além das fraturas por estresse, pequenas fissuras nos ossos devido ao impacto repetitivo, já citadas pelo médico do Pilar Hospital, são comuns em corredores a dor patelofemoral, na parte anterior do joelho; a fascite plantar, que é a sobrecarga do tecido que conecta o calcanhar aos dedos; a tendinite de Aquiles, que causa dor e rigidez na parte de trás do tornozelo; e a canelite, com dor ao longo da parte interna da canela, que piora durante ou após o exercício.
O ortopedista reforça que não há tratamento para estas lesões sem algum período maior ou menor de repouso, o que, segundo ele, é um grande desafio quando se trata de corredores. “Eles são os atletas mais apaixonados que existem, mas a longevidade no esporte vai exigir esse sacrifício”, finaliza.