Otorrinolaringologista do Instituto do Sono do Hospital IPO alerta que falta de sono pode impactar o desempenho escolar e o aprendizado
Fevereiro marca o início das aulas escolares na maior parte das escolas brasileiras e, com isso, a rotina das crianças sofre grandes mudanças com o fim das férias de verão. Um dos principais impactos está relacionado ao sono e, por isso, é fundamental que pais e responsáveis fiquem atentos à qualidade e à quantidade de horas de descanso no início do ano letivo.
De acordo com Cintia Felicio Rosa, médica otorrinolaringologista responsável pelo Instituto do Sono do Hospital IPO, as crianças de 3 a 12 anos necessitam de um período de sono entre 9 e 12 horas. Com as férias, muitos acabam se adaptando a uma rotina de horários diferentes, em especial, a dormir e acordar mais tarde.
“É muito importante que se entenda que as crianças não são miniadultos. Então, elas precisam de mais horas de sono. É essencial cumprirmos essas horas não apenas para a criança não ter cansaço durante o dia, como também para melhorar o desempenho escolar, a atenção, a capacidade de memorização e o aprendizado”, explica a especialista.
O cenário contrário pode impactar, também, na redução da imunidade. Isso, porque durante o sono ocorrem processos químicos e biológicos fundamentais para o desenvolvimento das crianças e que auxiliam no combate a doenças, na melhor aceitação do corpo a vacinas, no funcionamento do sistema cardiovascular e na liberação de hormônios como o de crescimento.
“Os pais podem começar, com algumas semanas de antecedência ao fim do período de férias, a tentar retomar os horários para dormir e para acordar. Aos poucos, adiantar cerca de 15 minutos ou meia hora para tentar dormir mais cedo e, também, para que, ao acordar, eles se acostumem com a exposição à luz solar pela manhã para que o corpo já inicie com maior ritmo as atividades diárias”, prossegue.
Além dos métodos de adaptação durante esse período, a criação de uma rotina de descanso e de despertar independe do retorno escolar. Segundo a médica, o estabelecimento de padrões para que os jovens possam relaxar o corpo e a mente é fundamental para que se consiga um sono de qualidade e quantidade.
“Essa higiene do sono consiste em algumas regras, como evitar a exposição a telas pelo menos meia hora antes de dormir com atividades mais relaxantes durante a noite, como cantigas e contação de histórias. Também é importante a criação de horários para as refeições durante o dia, bem como a definição do quarto como o ambiente de dormir. Esse preparo deve ser consistente, regular e sem muitas mudanças nos fins de semana para que as crianças consigam dormir bem”, explica.
Em relação à qualidade do sono, os pais devem ficar atentos a ocorrências como ronco, apneia do sono, dormir de boca aberta, acordar muitas vezes durante a noite e ter dificuldade para voltar a dormir. Todos esses são sintomas que podem prejudicar o descanso.
“Se, com todos os cuidados, a criança ainda apresentar dificuldades para dormir, o indicado é buscar uma ajuda médica e especializada, além de fazer a avaliação do sono e da respiração da criança para que ela possa ter um repouso de melhor qualidade, garantindo um pleno desenvolvimento das funções, um bom aprendizado escolar e uma boa qualidade de vida”, finaliza.