Materiais para atividades e escolha de temas deve partir dos interesses das próprias crianças
Foi-se a era dos materiais prontos para as atividades na educação infantil. A opinião é da pedagoga Marianna Canova, mestre em Educação e pesquisadora da primeira infância. Ela explica que a prática de inúmeras escolas em diversos países tem mostrado resultados muito positivos quando os próprios alunos participam das descobertas e recebem autonomia para resolver alguns problemas. “A ideia é mostrar à criança a potência que ela tem, e não superproteger, não minimizar suas capacidades”, diz a pedagoga.
Por meio da pedagogia da escuta, o Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil, onde Marianna é diretora, gerações de crianças estão saindo rumo ao Ensino Fundamental mais preparadas para o protagonismo exigido em nossos tempos. Na prática, isso é feito com escolha de temas pelas próprias crianças, elaboração de materiais artesanais em conjunto com elas, ateliês para soltar a criatividade e muita manipulação de diferentes texturas e elementos da natureza.
“É o protagonismo que faz a criança descobrir e aprender. É dessa forma que ela cria conexões entre temas, e assim estimulamos até mesmo o desenvolvimento neurocognitivo”, detalha. E nada disso acontece se a escola não for centrada na criança. Por isso, ela desaconselha o uso de materiais pré-fabricados, que limitam a imaginação e as descobertas próprias dos pequenos. Entre as áreas cognitivas estimuladas pela descoberta estão a memória, atenção, linguagem e até a orientação no tempo e no espaço.
Em meio aos muitos resultados do estímulo à curiosidade, Marianna elenca a maior autonomia (a criança deseja fazer coisas sozinha, até mesmo em casa), o pensamento crítico, o vínculo positivo com a aprendizagem, o estímulo às habilidades socioemocionais e a capacidade de investigar. Pode parecer exagero, mas tudo isso reflete em menos birras na escola e em casa!
A própria mestre Emmi Pikler, pediatra húngara que revolucionou as teorias da Pedagogia, escreveu compêndios em que critica as soluções prontas. Com esse estímulo, é possível amadurecer a compreensão dos próprios sentimentos, abrir-se às sensações diferentes sem medo e, mais tarde, estar abertos às oportunidades da vida, lidando melhor com os relacionamentos e o aprendizado futuro.
“Trata-se de um momento em que não interessa tanto utilizar atividades fotocopiadas idênticas entre todos a serem meramente preenchidas. Antes, é preciso ensinar a dividir, brincar e experimentar sensações, saber o que fazer com todo o universo sensorial e relacionar-se abertamente de forma igualitária”, sugere a pedagoga.
Isso pode ser alcançado com o uso de espaços que estimulam a brincadeira contextualizada, ou pesquisas conjuntas que surgem de um interesse específico da criança, ou pelo seguimento de projetos em que ela é protagonista. Outras ferramentas pedagógicas, como a psicomotricidade relacional, são capazes de usar a brincadeira na construção das relações de forma muito satisfatória.
Sobre a escola: O Peixinho Dourado acredita na educação infantil como um lugar de descobertas e foi a primeira escola de muitas gerações desde 1980. Com uma abordagem criativa, com foco nas investigações, experiências e no desenvolvimento de autonomia e relações, a escola e o berçário são referência nacional nas abordagens Reggio Emília e Pikler, respectivamente. Com sede no Alto da XV em Curitiba, recebe e acolhe crianças de 4 meses a 6 anos em um ambiente tão estimulante quanto seguro, com ateliês e espaços que incentivam o pertencimento e as descobertas. Por meio do cuidado atencioso, alimentação saudável e liberdade de transitar entre assuntos que despertam a curiosidade típica das crianças, o dia a dia no Peixinho é repleto de crescimento para todas as idades.